“Diálogo entre zorros” (“Diálogo entre Raposas”)

micro-história, história local e teatro de criação coletiva

Resumo

No artigo a seguir analisa-se a peça de teatro de criação coletiva Diálogo entre zorros (Diálogo entre Raposas), que representa a origem e a história da comunidade de Villa El Salvador, no sul de Lima, capital do Peru, na procura das características particulares de uma dramaturgia criada coletivamente no contexto histórico dos anos oitenta. O modo de produção, criação e recepção do teatro de criação coletiva é revisto como forma de contestar ao teatro tradicional para incorporar novos agentes, temáticas e estéticas. A análise da obra permite descobrir que, além de sua função comunicativa, ela propõe uma dramaturgia rica em recursos dramáticos e espetaculares. Da mesma forma, propõe-se buscar, nesta experiência teatral gestada a partir da própria comunidade, conexões com os conceitos e ferramentas da história local e da micro-história, práticas historiográficas que recolhem o que a grande história não leva em conta para, a partir daí, gerar questionamentos mais gerais. O paradigma indicativo de Carlo Ginzburg e a redução de escala e análise microscópica proposta por Giovanni Levi encontram na prática do teatro de criação coletiva de Diálogo entre zorros uma correspondência metodológica e estética.