Chamada de Artigos

CHAMADAS ATUAIS

 


DEBATES EN SOCIOLOGÍA Nº62

DOSSIÊ

Mobilizações, explosões e mudança política:
Após a insurgência social na América Latina e no Caribe

Editores da seção: Ana Natalucci (CONICET/EIDAES & Universidad de Buenos Aires, Argentina) e José Antonio Villarreal Velásquez (FLACSO, Ecuador).

Data limite (AMPLIADA): 15 de dezembro de 2025

AMPLIADA-C4-P-62

Na onda de mobilização e mudança social do início do século XXI, atores e movimentos sociais contestaram os regimes neoliberais, com forte incidência na configuração de governos progressistas em vários países latino-americanos. No entanto, no ciclo de protestos que ocorreu na segunda metade do mesmo século, ocorreram revoltas, mobilizações e explosões que mostraram resultados contraditórios, gerando uma ampla expectativa de mudanças no regime democrático e no Estado em toda a América Latina e no Caribe, especialmente na região andina.

No Chile e na Colômbia, após longos anos de neoliberalismo, as mobilizações sociais foram seguidas por governos de tendência progressista. Em particular, no Chile, conseguiu-se convocar uma assembleia constituinte e eleger um governo de esquerda presidido por Gabriel Boric. Na Colômbia, Gustavo Petro foi eleito presidente de uma força de esquerda, em uma clara ruptura com seus antecessores. No Equador, que teve uma experiência progressista por uma década, e no Peru, que teve um longo processo neoliberal, os movimentos camponeses, indígenas e populares levaram adiante levantes sociais que não conseguiram renovar um processo de representação política, contendo o programa neoliberal que havia sido fortemente questionado. Ao contrário do esperado, as forças de direita, juntamente com as oligarquias, voltaram a ganhar as eleições, capturando o Estado e consolidando o projeto de exclusão que havia motivado as mobilizações. Na Bolívia, após o golpe de Estado de Janine Añez, o movimento indígena liderado pelo Movimento ao Socialismo (MAS) conseguiu retomar o caminho democrático e, nas eleições, venceu seu candidato Luis Arce, que após um curto período de governo abriu uma conjuntura de instabilidade econômica e política para o país. O Caribe não foi exceção. Em 2021, eclodiram episódios de protesto que surpreenderam o regime em mais de setenta cidades cubanas. No entanto, após vários dias em que os manifestantes desafiaram o pacto de dominação existente nas ruas, a criminalização da dissidência impôs-se como um recurso sistemático do Estado para apaziguar a mobilização e restabelecer a ordem social.  

Uma breve aproximação diria que os movimentos sociais têm demonstrado grande criatividade e um importante trabalho na formação de repertórios de interação com o Estado (Abers et al., 2018), que permeiam os processos de mudança e as transformações sociais ocorridas na primeira década do século XXI (García Linera 2024). No entanto, embora seja verdade que, com seu protagonismo, eles tenham estado entre os principais catalisadores das dinâmicas contenciosas e, em especial, nos eclodimentos da segunda década do século XXI, tanto os novos atores coletivos (camponeses, jovens, organizações de bairro, feministas, pessoas não organizadas, etc.) quanto os movimentos sociais já constituídos parecem não ter articulado nem consolidado forças suficientes para impulsionar formas de ampliação do sistema de representação política e um melhor desempenho das instituições estatais. Além disso, vários desses atores e movimentos têm se inclinado à (des)mobilização (Lapegna, 2019) e/ou ao uso de recursos, táticas e estratégias (repertórios) não convencionais para confrontar e negociar com autoridades públicas e adversários político-ideológicos. 

A partir de uma perspectiva crítica, este dossiê tem como objetivo estudar o papel e as trajetórias que os atores e movimentos sociais tiveram durante e após as explosões ocorridos na América Latina na segunda metade do século XXI. Nosso interesse é estabelecer uma análise comparativa para explorar os padrões (de semelhança e diferença) que podem explicar como e por que o poder das explosões conseguiu ou não consolidar processos mais sustentáveis de organização, articulação, negociação, acumulação e representação política que gerassem modificações nas relações entre Estado e sociedade, como as que ocorreram no início do século XXI.

Quando usamos o termo explosões sociais, nos referimos àqueles eventos contenciosos que atingem um pico de forte intensidade, onde se observa uma multiplicidade de protagonistas — ainda sem poder distinguir entre organizações — e onde a violência coletiva tem um papel central (Farinetti, 2002). Em uma explosão social, então, as pessoas que se mobilizam podem não ter objetivos compartilhados — como expressa a diversidade de demandas —, mas têm percepções comuns sobre essa ordem social que é fortemente contestada e podem ser rastreadas. Seguindo Farinetti (2002), os momentos sociais e políticos em que esses eventos ocorrem são caracterizados pela «explosão» dos parâmetros que conferem uma certa sensação de incerteza. Nesse sentido, uma explosão rompe o processo político rotineiro para criar um novo, incluindo um forte questionamento aos atores sociais até então hegemónicos. Talvez as pessoas que se mobilizam durante uma «ruptura» apenas partilhem essa sensação de incerteza, essa perceção de desdibruamento dos parâmetros sociais. Ora, uma das certezas nessas rupturas é que as suas consequências institucionais, os seus efeitos políticos, são imprevisíveis. Dessas rupturas podem surgir novos sujeitos políticos e novas ordens sociais.

Desta forma, pretendemos abrir o debate e gerar respostas sociológicas e politológicas sobre as formas de politização e as tendências para a produção ativa tanto da mobilização como da desmobilização de atores e movimentos sociais, cuja ação coletiva e contenciosa demonstrou ter um certo impacto conjuntural no âmbito social, mas pouca incidência na conformação de comunidades políticas de pertença (Preciado Coronado, 2025), a institucionalidade dos sistemas democráticos e, sobretudo, a estatalidade na América Latina. Como está a mudar a dinâmica contenciosa dos atores e movimentos sociais na América Latina? Após as explosões na região andina, estamos perante um processo de desmobilização social e, se assim for, a que fatores se pode atribuir esta dinâmica? Como os grupos de direita, conservadores e ultranacionalistas estão se organizando e mobilizando neste momento? As ações desses atores criaram novas formas de institucionalidade, representação e estatalidade? Afinal, como essas explosões questionam as categorias teóricas existentes para estudar a ação coletiva contenciosa na América Latina? O que tudo isso nos diz sobre a modificação das relações entre Estado e sociedade?

A partir desta breve introdução e com estas questões, propomos um dossiê que se orienta para analisar a morfologia da mobilização e os efeitos das explosões sociais em relação ao regime político democrático e a sua influência para produzir mudanças substanciais no que diz respeito à representação e legitimação da ordem pública.

FOCOS TEMÁTICOS:

Alguns dos temas propostos para discussão são os seguintes:

  • Características das mobilizações e das explosões sociais, considerando seus fatores precipitantes e/ou desencadeantes.
  • Protagonismos e mudanças dos movimentos sociais no decorrer dos protestos.
  • Emergência de atores coletivos de direita, conservadores e ultranacionalistas.
  • Apropriação e ressignificação dos repertórios de ação durante as explosões.
  • Demandas, consignas e formulação de problemas públicos durante as mobilizações e as explosões.
  • Tipos e características das interações entre os atores mobilizados e as autoridades políticas e as elites.
  • Respostas governamentais às mobilizações e as explosões, especialmente em as ações repressivas, forças de segurança envolvidas, magnitude da repressão, criminalização do protesto.
  • A dimensão performática nas narrativas que ativaram ou surgiram nas explosões de acordo com os atores mobilizados, as autoridades políticas e/ou elites.
  • Performances digitais do protesto e apropriações das tecnologias digitais para a mobilização e desmobilização.
  • Efeitos políticos e institucionais das mobilizações e das explosões em relação à
  • Mudanças normativas no plano legislativo e constitucional.

 

Data limite (AMPLIADA): 15 de dezembro de 2025

Data de publicação: 15 de junho de 2026

Submissão: revistadebates@pucp.edu.pe ou neste link.

Instruções para os autores

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CHAMADA MULTIDISCIPLINAR PERMANENTE DE ARTIGOS

DEBATES EN SOCIOLOGÍA #60 (Junho 15, 2025)

Debates tem como objetivo receber trabalhos empíricos e teóricos multidisciplinares utilizando metodologias e abordagens conceituais variadas. Os temas incluídos em nossa chamada permanente são Sociologia, Política, Ecologia, Comunicação, Ciências Sociais em geral, entre outros. Os manuscritos aceitos serão publicados na seção “Varia” da nossa revista.

Aceitamos artigos de pesquisa, ensaios, resenhas de livros em inglês, português e espanhol.

Chamada permanentemente aberta.

Data límite para #60: Janeiro 15, 2025

Publishing date: Junho 15, 2025

Submissão: revistadebates@pucp.edu.pe ou neste link.

Instruções para os autores

 

 

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PROPOSTAS DE DOSSIÊ TEMÁTICO

Debates está aberto a receber propostas de editores convidados para dossiês temáticos. Esta chamada de propostas está permanentemente aberta. Os temas incluídos em nossa chamada permanente são Sociologia, Política, Ecologia, Comunicação, Ciências Sociais em geral, entre outros.

As propostas enviadas deverão ter entre 1000 e 1500 palavras e serão enviadas para o nosso email. Uma vez submetida, o corpo editorial avaliará a pertinência da proposta e poderá solicitar ajustes na mesma.

Envie sua proposta: revistadebates@pucp.edu.pe.

 

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CHAMADAS PASADAS

Debates en Sociología 61 - Dossiê

Dossiê - Frontierizações Urbanas: Da Ocupação do Solo à Propriedade Legalizada

Editores de seção: Mattias Borg Rasmussen e María Cariola (Universidade de Copenhague, Dinamarca).

Data límite: Maio 15, 2025 (AMPLIADA)

Data límite (submissãos): Dezembro 15, 2025

FOCOS TEMÁTICOS

  • Como se legalizam diferentes assentamentos urbanos espontâneos? Tornam-se legais aos olhos da população e do governo?
  • Quais são as estratégias individuais e coletivas para acessar e legalizar terra urbana?
  • Como os proprietários de terras e as autoridades públicas institucionalizam o acesso à terra?
  • Como a legalização da terra urbana afeta a justiça social e ambiental?
  • Qual é a relação entre a propriedade privada e outras formas de posse em espaços urbanos?
  • Quais são as políticas públicas em torno da legalização e regularização?
  • Quais são os legados da legalização em processos coloniais, bem como ditatoriais, sobre as dinâmicas contemporâneas de criação de normas?
  • Como diversos atores empregam a linha entre o legal e ilegal para estabelecer valor e extrair renda na periferia urbana?
  • Quais são as relações de dependência entre a formalidade e a informalidade no espaço urbano?
  • Como se estabelece durabilidade na posse (peri)urbana?
  • Que papel desempenha o acesso às hipotecas na construção da cidade?

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DEBATES EN SOCIOLOGÍA #59 (Dezembro 15, 2024)

DOSSIÊ

Meio ambiente e sociedade na América Latina e no Caribe:
reflexões teóricas e discursos públicos

Editores: Dra. Fernanda Wanderley (Instituto de Investigaciones Socio-Económicas, Universidad Católica Boliviana “San Pablo”), Dr. Fabrício Cardoso de Mello (Universidade Vila Velha, Brasil) e Dra. Alice Soares Guimarães (Universidad Mayor de San Andrés, Bolivia).

Data límite: 15 de febrero de 2024

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As sociedades contemporâneas têm passado por mudanças aceleradas e profundas em diferentes esferas da vida social que, por sua vez, impactam nas relações humanas com a natureza. Dessa forma, observamos uma renovação nos debates atuais sobre a relação entre meio ambiente e sociedade, que ganham novos contornos e perspectivas tanto na esfera pública, quanto nas reflexões acadêmicas. A América Latina e o Caribe também passam por esse processo de renovação.


Ainda que discussões sobre a temática socioambiental não sejam novas na região, o contexto atual impõe novos desafios político-sociais, teóricos e metodológicos. Assistimos a uma mudança de discursos e ações de diferentes atores, com a renovação de narrativas públicas em um contexto marcado por múltiplas crises – ambientais, sociais, económicas e políticas. A nível global, enfrentamos as mudanças climáticas e os efeitos dessas distintas crises, como a pandemia do Covid-19 ou os problemas na cadeia de abastecimento de alimentos. Na América Latina e no Caribe registramos a aceleração do desmatamento e perda de biodiversidade; a invasão de áreas protegidas e territórios indígenas; a contaminação do solo, água e ar; secas, incêndios, inundações, furacões, deslizamentos e outros desastres; e o aprofundamento de desigualdades e conflitos relacionados ao acesso e controle de recursos naturais. Mesmo se tratando de dinâmicas globais, suas manifestações em diferentes sociedades não são homogêneas, de modo que requerem perspectivas situadas para sua compreensão.


Tais processos e dinâmicas demandam a construção de novas estratégias e modelos de análise que avancem na investigação sobre as várias formas com que se articulam os desafios ambientais, econômicos e sociais enfrentados pelas sociedades latino-americanas, assim como seus impactos particulares em diferentes contextos da região. Dessa forma, eles nos convidam a refletir sobre a maneira com que diferentes atores sociais e agendas políticas têm interagido em uma multiplicidade de espaços públicos na região, buscando legitimar novas visões sobre o meio ambiente.


Este dossiê se dedica às reflexões contemporâneas sobre as relações entre meio ambiente e sociedade na América Latina e no Caribe. O objetivo é reunir artigos em dois grandes eixos:
(1) Discussão e sistematização de reflexões teóricas contemporâneas orientadas a pensar os processos e dinâmicas socioambientais a partir de diferentes disciplinas das ciências humanas e sociais. Isto se abre tanto a artigos centrados em enfoques particulares, como também a esforços de diálogo entre diferentes tradições, disciplinas, marcos teóricos e perspectivas epistemológicas;
(2) Análise dos discursos vigentes na esfera pública e dos imaginários de distintos atores coletivos (organizações produtivas e elites econômicas; partidos políticos; instituições internacionais multilaterais; movimentos sociais; etc.) sobre a questão socioambiental. Com isso, pretendemos identificar os principais marcos interpretativos que sustentam os projetos de significação e apropriação da natureza por parte de tais atores.


Há, evidentemente, uma retroalimentação entre esses dois enfoques, um diálogo entre os mundos sociopolítico e acadêmico-científico em suas apreciações da questão ambiental. Assim como se observa que os discursos públicos se apropriam de suportes técnico-científicos, o conhecimento expert sobre a questão ambiental se entrelaça em complexas relações de poder e envolve dinâmicas sociais que ultrapassam a academia. Trabalhos que explorem esse diálogo também serão bem-vindos.

 

FOCOS TEMÁTICOS

Alguns dos temas propostos para discussão são os seguintes:

  • A produção teórica contemporânea sobre a relação entre meio ambiente e sociedade sobre e a partir de América Latina e Caribe.
  • As implicações das discussões em torno das mudanças climáticas (e/ou outras crises socioambientais) na (re)organização do debate público sobre desenvolvimento na região.
  • As controvérsias públicas e conflitos sociais relacionadas com o controle e o acesso aos recursos naturais, as atividades extrativas e outras formas de apropriação e exploração do meio ambiente na região.
  • A relação entre produção acadêmica e os marcos conceituais propostos por atores internacionais, tais como as Nações Unidas, o Banco Mundial e o FMI, assim como o papel das construções narrativas destes atores nas agendas e discursos socioambientais na América Latina e no Caribe.
  • As iniciativas e propostas pós-antropocêntricas para a composição de mundos comuns (Gaia, Buen Vivir, ecofeminismo, etc.).
  • O impacto de distintas formas de negacionismo (climático, sanitário, etc.) e “pós-verdade” no debate público contemporâneo.

Data límite: 15 de febrero de 2024

Data de publicação: 15 de diciembre de 2024

Submissão: revistadebates@pucp.edu.pe ou neste link.

Instruções para os autores